“Velhos Carnavais”
Ah, a década de 80, onde os bailes
nos salões dos Clubes eram a grande sensação do Carnaval!
No Rio de Janeiro então tinha o mais
famoso do Brasil, o Carnaval do Monte
Líbano, onde vinham turistas, Príncipes e Princesas, Magnatas e personalidades
do mundo todo, e ter a oportunidade de passar uma noite pelo menos por aqueles
salões e poder contar no outro dia que ‘viu’ quando tiraram a foto de “beltrano
e cicrano’, era o máximo em uma época sem comunicação e tecnologia alguma, onde
somente as grandes redes de revistas, jornais e TV registravam as cenas e a
beleza da presença das mulheres dentro dos salões.
O ‘causo’ hoje então é sobre o ‘Baile
no Monte Líbano’, no Carnaval de 1986, em que eu e o Machado programamos com a
‘gurizada’ que iríamos naquele ano de qualquer jeito, pois agora eram já eram
‘personalidades’, campeões brasileiros e estrelas do futebol brasileiro!
A ‘gurizada’ que me refiro era
formada pelos gaúchos que o Técnico Carbone, ex jogador do Inter de POA levou
para o Fluminense naqueles tempos: Machado, Branco, Tato, Jandir, Leomir (é de
Curitiba), Otávio e outros mais.
Equipe do Fluminense Campeã Brasileira de 1984 – Aldo, Paulo Vitor,
(Getúlio), Duilio, Ricardo Gomes, Jandir e Branco; agachados, Romerito, Delei (Leomir,
Washington, Assis e Tato. Técnico Parreira;
Dizem
que aquele Fluminense só pode ser comparado com a equipe Bi-campeão de
1975/1976, formada por Renato (Félix), Rubens
Galaxe Carlos Alberto Torres, Edinho e Rodrigues Neto (Marco Antonio); Carlos
Alberto Pintinho, Cléber (Paulo César), Dirceu e Rivellino; Gil e Doval. Técnicos:
Paulo Emílio (1975) e Mário Travaglini (1976).
Equipe Bi-campeã carioca de 1975/76
No início da década de 80 a equipe foi remontada
e o Fluminense atingiu o seu auge em 1984 como tri-campeão carioca e campeão
brasileiro daquele ano, comando pelo saudoso “Casal 20”, Washington e Assis, em
alusão a uma famosa série de TV daquela década.
Assis e Washington, o “Casal 20” do futebol
brasileiro
“Machadão” também fez parte daquele grupo desde
o início dos anos 80, e eu passava algumas temporadas no Rio de Janeiro no
apartamento onde morava o Tato, Machado, Branco, Jandir, Leomir, a “tropa” de
choque do sul lançada pelo Técnico Carbone e depois comandada pelo Parreira.
Antes do ‘estrelato’, os garotos do sul, como
costumavam ser chamados pela imprensa carioca, saiam para treinar cedo e eu
ficava encarregado de preparar o almoço para a rapaziada, e a ‘verba
alimentícia’ era sempre meio curta dava para comprar uns pedaços de frango ou
algum outro tipo de carne.
Invariavelmente a carne era o franguinho que eu
fazia com arroz, e ao final jogava uma lata de milho e servia a ‘famosa
galinhada com arroz e milho’. Depois de quase um mês cozinhando para a turma e
ter servido mais de dez vezes a “galinhada”, um dia chegaram do treino e
coloquei a panela na mesa e aí o ‘Machadão’ foi conferir e não agüentou:
- “Pô Tetaze, tu tá de sacanagem, eu pedi pra
não fazer mais arroz com galinha e milho e tu faz com ervilha agora!
Machado no Fla x Flu de 1983
Mas voltando ao “Carnaval no Monte Líbano”,
naquele ano de 1986, o Técnico do Flu era o Nelsinho Santos, e ele havia
liberado somente o Domingo de Carnaval para os jogadores, e queria todos na
segunda-feira 08:00 horas da manhã nas Laranjeiras, e então só restava a noite
de sábado para uma ‘visita’ aos salões do Monte Líbano, e eu já estava
esperando os ‘guris’ após o treino de sábado pela manhã.
Revista Manchete no Carnaval
Monte Líbano 1981
O treino terminou ao meio-dia e começamos o
‘aquecimento’ num tradicional Bar que havia perto do Estádio das Laranjeiras, e
dali fomos para o apartamento da rapaziada no Botafogo.
O aquecimento ‘tava pegando fogo’ lá pelas oito
horas da noite e começamos os preparativos para o baile, pois teríamos somente
uma noite para conhecer o famoso baile, e as horas não passavam!
Por volta de 11:00 horas saímos Eu, Machado,
Branco, Tato, Jandir e Leomir, em dois carros em direção ao Monte Líbano que
ficava perto da sede do Flamengo na Gávea, empolgadíssimos com a chance única
de passar uma noite no Carnaval de salão mais famoso do mundo!
Estacionamos os carros em um canteiro no meio da
Av. Borges de Medeiros na Gávea, ‘quase’ em frente ao Monte Líbano do outro
lado da Rua.
Localização do canteiro onde estacionamos na Av.
Borges de Medeiros, ‘quase’ em frente ao Monte Líbano; que beleza a Internet
hoje!
Cruzamos a Avenida e fomos direto à Portaria,
pois caso não nos ‘convidassem’ para entrar, já que ali estavam as estrelas do
futebol brasileiro da época, nós compraríamos os ingressos de qualquer forma, e
foi isso que ocorreu, pois ninguém convidou para entrarmos e indicaram o guichê
para comprar os ingressos.
Nem discutimos e fomos comprar cada um o seu,
cujo valor hoje deveria ser algo em torno de cem reais, o que achamos super
barato por ser um ‘baile famoso como aquele’, e entramos ‘faceiros’ no ‘Monte
Líbano’ como crianças entram pela primeira na Disneylândia!
Lá dentro o baile ainda ‘prometia’, pois haviam
poucas mulheres com fantasias como se costumava ver nas revistas, mas isso não
impediu de continuarmos com o ‘trago’, e continuamos em um balcão de um dos
bares do salão tomando ‘todas’!
E nessas horas o ‘papo’ flui e ninguém se dá
conta da hora, mas lá pelas ‘tantas’, perto das duas horas da madrugada,
notamos que o baile não era tudo ‘aquilo’ que se via nas revistas, e começamos
a ‘queimar’ o baile, pois esse tal de Monte Líbano não é nada do que se vê nas
revistas e na TV, e ‘dá-lhe mais trago’.
Dez vez em quando passava um casal mais
‘atrevido’ se beijando, até casais com filha adolescente pulando junto com os
pais, e aí vimos mesmo que ‘tudo não passava de conversa pra boi dormir’ como
se diz lá no sul, que esse ‘tal’ de Monte Líbano não era nada daquilo, até em
Erechim os bailes eram melhores, gritava o Machado!
A noite foi só de risadas naquele balcão e nós
rindo das senhoras e seus maridos pulando um carnaval como em qualquer lugar, e
quando nos demos conta já eram quase cinco horas da manhã e resolvemos sair do
baile.
A música já ‘meia-boca’ quando a orquestra
começou a tocar, pela ‘trigésima vez’, ‘Olha a cabeleira do Zezé’, o Machado não
agüentou e foi saindo e fomos juntos.
Lá fora o dia quase clareando com aquele verão
carioca, e quando botamos o pé na calçada com o Machado na frente, Branco,
Tato, eu, Jandir e Leomir, todos ‘ligeiramente embriagados’, olhamos para o
lado direito da Avenida e tinha uma ‘muvuca’ na outra esquina, a uma quadra
onde estávamos, milhares de pessoas na calçada, luzes, um som ensurdecedor
vindo de um salão enorme, criando quase outro baile de carnaval na avenida
também.
Fomos até os carros e o guardador veio para
cobrar o ‘estacionamento’, pois naquela época eles ainda cobravam depois, e aí
perguntamos quase ao mesmo tempo:
- Vem cá tchê, que barulho e confusão é aquela
ali na frente? E o rapaz com aquele ‘carioquês’ indisfarçável responde:
- “Pô
mermão”, ali é o Monte Líbano!
Já “prá lá de Marrakech” como se dizia na época, perguntamos:
- E aqui na frente onde saímos agora é o que?
- “Ah
mermão”, ali é o salão da AABB, mas é fraco!
Cinco horas da manhã de domingo, bebendo desde o
sábado ao meio-dia e com a única noite livre no carnaval, “erramos o Clube”, entramos
na sede da Associação do Banco do Brasil, fomos rindo até em casa e até hoje estamos
sem conhecer o famoso Baile, só porque estacionamos “quase” em frente a AABB, e
não “quase em frente” ao Monte Líbano!
Antes de voltar a Santa Catarina após o
carnaval, combinamos que no ano seguinte, em 1987, iríamos desfilar na
Beija-Flor, pois o Washington e o Assis iriam formar a ‘Comissão de Frente’ da
Escola, mas isso é ‘causo’ para outro Blog.
Na Comissão de frente da Beija-Flor, Jornal O
Globo 1987, Eu, Assis, Tato, Jandir, Leomir.
Machado,
1986, antes do ‘Baile do Monte Líbano’
Machado com Telê Santana década de 80
Com Rosemary no "Show Rio by Night"... mas essa é outra história também!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário