Com esse título, João Saldanha
iniciou uma de suas mais fortes crônicas no Jornal do Brasil ao futebol
brasileiro e a seleção de 1982 na Espanha, um dia após a derrota de 3x2 para a
Itália no famoso estádio ‘Sarriá’, em Barcelona, tirando das mãos de Zico,
Sócrates, Falcão e dos demais astros da ‘melhor seleção daquele mundial, e,
segundo muitos dizem, de todos os tempos, o já esperado ‘Tetra’ campeonato
mundial.
Em boa parte da crônica, poderia
dizer que concordo com o saudoso João Saldanha, entretanto, como diziam
‘antigamente’, há muito mais coisas entre o céu e a terra, que nem a ‘vã’
filosofia conseguiria explicar! E o mesmo se aplica ao ambiente de uma seleção
brasileira de futebol, ainda mais naqueles tempos da primeira grande cobertura
mundial de uma Copa do Mundo.
A indignação do João Saldanha era
a de todos os brasileiros: como que um time daqueles não conseguiu massacrar a
Itália, desacreditada, com três empates na primeira fase e só um gol a favor?
Falta de tática, modéstia ou muita teimosia pelo sistema tático aplicado, como
ele sugere na sua crônica?
Eu digo que nada disso! Mas quem
era eu naquele contexto da Copa da Espanha para fazer tal afirmação agora, e
tentar desacreditar João Saldanha? Longe de mim tal ousadia!
Bem, a Copa de 1982 é uma que ficou marcada na história como a que tivemos umas das melhores seleções de futebol, e para ‘contabilizar’ todos os episódios que convivi durante os mais de sessenta dias que passei em Portugal e na Espanha, antes, durante e depois do mundial, sendo três semanas no Hotel ‘Los Lebreros’ em Sevilha, serão necessários vários textos, e por isso me atrevo a comentar algumas passagens em um dos eventos mais marcantes daquele mundial, lamentando sempre que naquela época não tínhamos a facilidade (e a qualidade) das fotos que temos hoje.
Na Espanha de 1982, há pouco tempo depois da derrocada do regime ‘Franquista’, a Espanha era o que se pode dizer, um ‘Oásis’ de alegria, tranqüilidade e belezas para os olhos do mundo que ali estavam para mais um Mundial de Futebol, e para nós brasileiros, era o um sonho indescritível, tanta era a diferença do Brasil daquela época, com a vantagem de que cada folha de ‘travelers cheks’ de US$100,00 dólares americano que se podia levar (mil dólares por pessoa), podia-se comprar uma ‘batelada’ de ‘Pesetas’, a moeda Espanhola da época.
Naquele tempo, viajar à Europa era uma ‘epopéia’ para os comuns mortais como eu, mas armado de uma enorme gana de assistir minha primeira Copa do Mundo, parti sozinho para uma jornada de dois meses, pois parti do Brasil três semanas antes do início do Mundial e fui à Portugal visitar meu amigo Nedo Xavier que jogava no Farense, na cidade de Faro, ao sul do País, e hoje é Técnico de Futebol e de lá, de trem e ônibus cheguei à Sevilha ainda faltando uma semana para o Mundial.
Após estabelecer-me em Sevilha em um ‘Hostal’ ao lado do Estádio ‘Ramón Sanchez Pizjuan’, o Estádio do Clube de Futebol Sevilha, passei a freqüentar diariamente o Hotel “Los Lebreros” do outro lado da Rua, em frente ao Estádio e até hoje um excelente Hotel da cidade, pois ali estavam hospedados vários jornalistas amigos meus de Curitiba, comandados pelo Capitão Hidalgo, e o Hotel foi ainda o segundo ‘QG’ da seleção brasileira, pois ali ficaram alguns familiares dos jogadores (Sandra, esposa do Zico com os dois filhos pequenos, a esposa do Edinho zagueiro, etc.), que quando não estavam treinando ou jogando, ali permaneciam o dia todo, pois o Fagner, que é muito amigo e Compadre do Zico também estava hospedado no Hotel ‘Los Lebreros’, e por mais uma das ‘circunstâncias da vida’, me tornei amigo do Fagner naquele mundial, uma amizade que permanece até hoje.
Bem, as três semanas em Sevilha,
saindo do Hotel “Los Lebreros” somente
para assistir os treinos da Seleção brasileira e aos jogos da Copa, foi o
período mais ‘charmoso’, digamos assim, de minha estada na Copa da Espanha,
país que até hoje adotei como ‘meu segundo país’, dado que tenho vários amigos
lá e viajo anualmente para visitar algum pedaço daquelas terras.
Portanto, tendo convivido naquele mundial da Espanha dentro daquele
‘QG’ da seleção brasileira, ademais da amizade que travei com o Fagner que na
época estava por lançar seu novo sucesso nacional, o disco ‘Sorriso Novo’
(Pensamento), presenciei várias situações e decisões, e pela primeira vez
convivi dentro dos bastidores da seleção brasileira em um mundial.
Foram quase trinta dias de
participação do Brasil naquela copa, e eu, três semanas dentro do Hotel ‘Los Lebreros’, pois dali só saia para
ver os treinos ou os jogos do Brasil com o Fagner, e para ‘fugir’ da vontade de
falar dos bastidores da seleção brasileira, vou contar aqui o que considero o ‘o
ponto alto’ daquela permanência em Sevilha, que foi sem dúvida o ‘banquete’
oferecido pela Dijon no dia 19/06/82, um sábado, na piscina do Hotel, famosa
marca de roupas na época, tendo a frente Humberto Saad e Luiza Brunet como a
‘Rainha da Seleção’, uma ‘Fiesta
Brasileña para la Seleción’ como divulgaram os jornais espanhóis no outro
dia.
Mas essa é a segunda parte desse 'sonho' de 1982, e contarei na próxima edição do Blog!
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